08/04/2024
1º Safra Pecuária aponta perspectivas do mercado e soluções para maior produtividade
Por Diego Prazeres
Em um ano que promete ser desafiador para a pecuária brasileira, a ExpoLondrina promoveu, na programação técnica de segunda-feira (8), a 1ª Safra Pecuária, evento que discutiu as tendências do mercado e soluções voltadas para um melhor desempenho da produção de pecuária de corte no Paraná.
O diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Luigi Carrer Filho, lembra que Londrina e região já foram cenários de grandes momentos da pecuária nacional, como a importação pioneira da raça Zebu para o Brasil, por intermédio de Celso Garcia Cid, e o desenvolvimento de técnicas de cruzamento industrial, e diz que o evento é uma oportunidade de demonstrar a importância da atividade para a cadeia produtiva, já vislumbrando o que esperar do mercado em 2024.
“Queremos trazer para todos os nossos produtores e associados qual vai ser o andar da pecuária para 2024, como aumentar sua produtividade, qual o modelo a ser seguido na comercialização de carne e como agregar valor na produção de carne para o produtor”. Uma das preocupações dos pecuaristas é a busca constante por uma carne de melhorar qualidade, o que passa pelo melhoramento genético que acelera a precocidade do abate e a padronização externa dos animais, com lotes mais homogêneos.
“Houve uma padronização nos animais no que diz respeito ao exterior deles, com lotes mais homogêneos, padronizados. E hoje há uma busca também pela carne de qualidade, com marmoreio, pela espessura de gordura subcutânea. São características que agregam uma melhor maciez à carne, melhor padronização e, com isso, conseguimos agregar valor à carne produzida, aumentando a rentabilidade do produtor.”
Produtividade e rentabilidade
Consultor de pecuária de corte e marcas de carne, o paulista Roberto Barcellos, em sua palestra “Carne de qualidade ou commodity. Tendências da pecuária de corte do Brasil”, frisou a necessidade de os pecuaristas implementarem a gestão em suas propriedades. “Falamos muito em evolução, em perdas de poder aquisitivo, de rentabilidade. Existe uma estatística superpreocupante que fala que 40% das fazendas de gado de corte vão deixar de existir nos próximos 20 anos. Mas quais são essas fazendas? As que não fazem gestão, estratégia dentro da sua operação, de seu negócio”, apontou.
Outro dado que ele mencionou para exemplificar o gargalo é que somente 17% das fazendas de gado corte possuem balança. “Como você mede uma tecnologia implementada sem balança? A partir de agora, a gente precisa começar a medir, e medir vai nos levar a ter conhecimento maior das estratégias para melhora dos índices. A pecuária passa por gestão, o pecuarista mais eficiente é o que vai fazer a melhor gestão”, ressaltou.
O conceito de pecuária de precisão também foi abordado pelo especialista para a promoção de maior produtividade e rentabilidade ao produtor. “A gente está acostumado a falar de média: qual foi o ganho de peso médio, qual foi o rendimento médio de carcaça, qual a taxa média de eficiência biológica, e isso nos traz um número médio que não nos permite gerenciar ou montar uma estratégia em cima disso”, pontuou.
Ao individualizar os números em sua propriedade, afirmou Barcellos, o produtor passa a ter ciência da qualidade do seu rebanho e é capaz de identificar os problemas relacionados à produtividade do animal. “Com isso, é possível montar uma estratégia para começar a melhorar esses índices. Essa mudança é muito importante e vai mostrar uma outra realidade de ganhos em produtividade para o produtor alcançar seus objetivos com muito mais rapidez. Mas isso tudo só é possível se ele implementar gestão”, reforçou.
Barcellos mencionou a implantação de métricas de eficiência nas propriedades como estratégias de gestão eficazes para o processo evolutivo do animal visando um maior rendimento e qualidade da carne que será vendida ao mercado consumidor. Por exemplo, a área do olho de lombo, que está relacionada à musculosidade dos bovinos e impacta diretamente nos rendimentos de carcaça e na desossa. “Com isso você pode saber se está produzindo, qual o seu potencial, se falta muito ou pouco, o que precisa fazer para atingir seus objetivos”.
Em relação ao mercado das marcas gourmet, o consultor destacou que a fidelização do consumidor passa necessariamente por produtos que tenham qualidade, padronização e previsibilidade. “O cliente só vai ser fidelizado se o produto que ele comprar tiver previsibilidade, consistência e se o consumidor tiver o sentimento de que aquele produto vai ser bom sempre.”
Eficiência do pastejo
O médico veterinário Ernesto Coser, gerente de produtos da Datamars Tru-Test, provocou uma reflexão sobre técnicas de pastejo com a palestra “Deixamos muito dinheiro no pasto. Em busca de alta eficiência do pastejo”. Há 12 anos no mercado de cercas elétricas, ele defende a tecnologia do choque como uma eficiente ferramenta de manejo no pasto. “A gente tem a dor de perder ração, por exemplo, mas não tem dor de perder o pasto. Ou passamos a ter alta eficiência no pastejo ou a conta não vai fechar”, afirmou.
Perspectivas para o mercado pecuário
A terceira palestra do evento foi da médica veterinária e economista Lygia Pimentel, que falou sobre as “Perspectivas para o mercado pecuário 2024”. A diretora da Agrifatto apresentou números preocupantes da atividade pecuária. Considerando o padrão de produtividade de cinco arrobas por hectare/ano, a margem líquida de rendimento do produtor caiu de 45% há 40 anos (período de 1971 a 1980) para 17% de 2021 para cá. Mas, ela projeta uma mudança de ventos a partir de 2026.
“Nosso mercado é o que tem o maior risco de preços quando se fala em perspectivas a curto prazo, mas 2025 vai ser um ano de transição, visualizamos um pouco melhor, e 2026 acho que será muito bom. Se continuar essa liquidação de fêmeas, vamos sentir de fato um estrangulamento de produção e, com isso, vem a alta de preços. Mas, só vai poder aproveitar quem tiver boi para vender, então, a gente precisa andar de maneira estratégica para conseguir manter o rebanho ou a produção pecuária para ser entregue neste momento”, avaliou.
A realização foi da Sociedade Rural do Paraná, com apoio da Universidade Estadual de Londrina e IDR-PR. Os patrocinadores são Cattlevis e Speedrite.
Foto: Lunartty Souta
A realização foi da Sociedade Rural do Paraná, com apoio da Universidade Estadual de Londrina e IDR-PR. Os patrocinadores são Cattlevis e Speedrite.
Foto: Lunartty Souta