12/04/2024

Consumo de carne suína em alta exige produção de qualidade e sustentável

Diego Prazeres 

Com perspectivas positivas de se tornar o maior produtor nacional e de liderar também o mercado das exportações da carne suína produzida no país, a suinocultura paranaense aposta na inovação para tornar a cadeia produtiva ainda mais eficiente, competitiva e sustentável. 

Atualmente, o Paraná é o terceiro maior exportador brasileiro, atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o segundo em volume de produção interna, sendo responsável por 20% do mercado nacional. Razões para manter o otimismo não faltam. Dados da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) apontam que o brasileiro está consumindo mais a carne de porco. O consumo per capita passou de 13,7 quilos em 2010 para 20,5 quilos em 2022. 

Além disso, a produção interna de carne suína no ano passado foi de mais de 5,2 milhões de toneladas, o que mantém o Brasil na condição de quarto maior produtor mundial. Desse total, o volume exportado passou de 1,2 milhão de toneladas.

E para manter e até aumentar esse ritmo, pesquisadores, técnicos, produtores e profissionais envolvidos com a pecuária suína são unânimes em apontar que os pilares da cadeia produtiva – nutrição, genética, reprodução e sanidade – devem estar sempre em constante aperfeiçoamento.

“O Paraná está bem colado a Santa Catarina na produção e exportação de carne suína, temos uma cadeia produtiva forte, rica e muito bonita, que tem que ser trabalhada e tecnificada porque há muitas novas tecnologias no mercado para melhorar e mostrar à população”, afirma a veterinária especializada em genética suína Pauline Guidoni, responsável pela organização do ConnectSui. O evento, realizado pela primeira vez na programação técnica da ExpoLondrina 2024, reuniu nesta sexta-feira (12) no Pavilhão Smart Agro especialistas das mais diversas áreas da suinocultora para debater técnicas de manejo, nutrição, melhoramento genético e reprodução da cadeia produtiva. 

“Como o nome diz, o ConnectSui conecta a suinocultura, trazendo informações técnicas que abrangem os pilares da cadeia produtiva”, aponta Guidoni, que teve a colaboração do grupo de pesquisas e estudos de suínos da UEL (Universidade Estadual de Londrina) para organizar o encontro.

Em um dos painéis, a pesquisadora e doutora em reprodução animal na suinocultura da Embrapa Suínos e Aves de Santa Catarina, Mariana Groke Marques, referência nacional na área, falou sobre os erros nos descartes de matrizes. E explicou que a renovação genética é primordial para evitar o acúmulo de porcas muito velhas nas granjas, “mantendo sempre a recomendação de reposição anual de 30 a 40% das matrizes”.

Além das palestras, os participantes puderam acompanhar uma atividade prática realizada no pavilhão de suínos do Parque Ney Braga com demonstrações dos diferentes padrões raciais de reprodutores e matrizes. Foi uma oportunidade para eles compreenderem as especificidades de cada raça, como conformidade, aparência, diferentes cruzamentos e melhoramento genético.  

 

Minimizar erros na produção de nutrientes

Um dos pilares de toda atividade pecuária, a alimentação tem sua importância elevada na suinocultura porque responde por grande parte dos custos de produção. Daí a importância de utilizar insumos de qualidade para evitar perdas na produção, conforme explica o veterinário e professor da UEL Caio Abércio da Silva. “A gente sabe que historicamente em torno de 70% dos custos de produção da suinocultura estão ligados à alimentação, portanto a minimização de erros e a maximização de aproveitamento de nutrientes, de formulações corretamente executadas, além do uso de matérias-primas de qualidade, perfazem a oportunidade de a gente não ter falhas nesse pilar”, afirma. 

O professor destaca que o aspecto nutricional em suínos tem evoluído de forma acelerada devido à necessidade de atender às demandas que o melhoramento genético impõe à cadeia produtiva. “O suíno é um animal que responde muito bem ao processo de seleção, tem ciclo rápido e anualmente os resultados se modificam, tanto nas características de reprodução, do desempenho dos animais que vão para o abate, como também na qualidade da carne. E para sustentar isso a gente tem que estar com a nutrição afinada”, pontua.

Não por acaso, as inovações em relação a aditivos nutricionais visando melhor desempenho de matrizes e reprodutores são constantes. “O Brasil é privilegiado, somos detentores das principais commodities, isso já é um grande ponto a favor da suinocultura, mas temos que aprimorar o aproveitamento desses ingredientes”, reforça Caio Abércio. 

Principais componentes da ração suína, a soja e o milho têm produção em larga escala no país. O especialista frisa que o produto final tem que ter qualidade autenticada por meio de análises técnicas para garantir uma dieta animal identificada com as demandas nutricionais dos suínos. 

Fotografia Roberto Custódio