09/04/2024

Embelezamento animal na ExpoLondrina tem rotina de banhos, raspagem de pelos e cuidado com os cascos

Por Vitor Ogawa

O embelezamento de animais é uma prática comum e importante em exposições e competições pecuárias ou em leilões de gado. Na ExpoLondrina não é diferente. Dentro desse contexto, produtores adotam práticas com alguns cuidados para deixar o animal atraente aos olhares dos visitantes e cativar a preferência dos juízes dos concursos e dos compradores dos animais. Entre eles, estão a preparação física, com condicionamento corporal, estilização do pelo, postura e movimentação, apresentação geral e seleção genética. Assim, os expositores buscam destacar as melhores qualidades da raça e competir de maneira eficaz em eventos.
 
Barbeiro das estrelas
Em uma exposição agropecuária, o nelore é uma das grandes estrelas da festa. Com um aparelho de barbear em mãos, o tratador João Gomes da Silva realizou a raspagem da pelagem de várias cabeças de gado da raça, para deixar o gado apto a participar dos julgamentos. “Nós fazemos de tudo para deixá-los mais bonitos. Na sexta-feira (12), haverá julgamento, então, temos de deixar todos bonitinhos. De certa forma, ao passar a lâmina de barbear no gado é como se eu fosse o barbeiro deles. Mas eu não paro aí. Eu dou banho em todos eles com xampu e, na verdade, tenho mais cuidado com eles do que comigo mesmo”, ressaltou. 
 
João também realiza o serviço de pedicure ao raspar os cascos dos animais. Também há um cuidado com os chifres dos animais, com as orelhas e com a cauda. “Para cada animal a gente reserva entre 20 minutos e meia hora só para fazer esse embelezamento.” Ele relata que está há 24 anos na profissão e faz de tudo para que os animais brilhem na ExpoLondrina.
 
Nutrição
Sobre a nutrição, João explica que eles comem silagem de milho com mais alguma coisa de soja e recebem vitaminas e medicamentos para permanecerem saudáveis. “Sobre a cama, aqui na ExpoLondrina, a troca é realizada todos os dias para evitar que os animais se sujem e a pelagem fique manchada.” Ele revela que há alguns animais que são mais temperamentais na hora dos cuidados com a beleza. “Os animais mais novos são mais temperamentais, mas, com carinho, eles vão se amansando.”
 
Toalete
Lucas de Jesus é o tratador da Unipec Nelore e explica que o ato de fazer o embelezamento se chama “fazer o toalete”. “A gente faz tudo devagarinho para sempre andar bonito. O processo de lavagem do animal é realizado todos os dias na ExpoLondrina. Tem que ser com xampu especial para lavar com cuidado. Também ministramos uma vitamina via oral e aplicamos vitaminas que abrem o apetite do animal. A gente faz o lixamento e a raspagem do pelo e sempre tem que casquear na grosa e na turquesa [ferramentas de casqueamento]. A gente passa aquelas lixas d'água na pelagem e no chifre passa a lixa e uma graxa especial.” ]
 
Lucas explicou que o que mais dá trabalho é a limpeza com pano, quando eles se sujam ao defecar. “Tem que limpar bem e trocar a cama, pois se deixar sujo pode manchar tudo.”. Ele ressaltou que. entre machos e fêmeas, o macho é o que mais dá trabalho durante as sessões de embelezamento.
 
Mini Horse
Rafael Aparecido Santos de Melo é o tratador dos pôneis que circulam na ExpoLondrina. Ele é da empresa Mini Horse Avaré, da cidade de Avaré (SP) e explicou que os animais são da Fazenda São Benedito, que trouxe 38 animais. “Lá na fazenda tem mais de 200 cabeças.” Ele afirmou que não ministra vitamina alguma para manter a pelagem bonita, a ração já deixa essa pelagem bonita. “A gente só aplica os vermífugos e as vacinas, faz o tosquiamento e corta as crinas com a tesoura, nem precisa escovar. O tosquiamento é feito com uma máquina como as que a gente corta o cabelo da gente mesmo.” 
 
Os cuidados com os cascos são iguais aos de um cavalo normal. “Só que não vai ferradura, porque não tem ferradura do tamanho deles. Eles resistem porque no sítio eles não andam muito em asfalto, as baias têm palha e a pastagem é boa, então, não tem necessidade de ferradura.”
 
Ovinos
O produtor Felipe Riccetto, da Dorper Porto Santo, de Atibaia (SP) explicou que, para manter um ovino da raça dorper bonito, é preciso alimentação de muita qualidade. “Todos os animais comem desde o nascimento no creep-feeding, um espaço exclusivo para alimentação desses animais.” As instalações são feitas de modo que somente os cordeiros têm acesso aos cochos, onde é servida suplementação (ração ou concentrado). O creep-feeding pode ser construído nos piquetes ou adaptado no galpão de confinamento. “A gente também faz uma tosquia neles a cada 90 dias, aproximadamente, muito importante no desenvolvimento que retira todo o estresse térmico do animal.” Também é realizado o casqueamento corretivo a cada 30 dias, principalmente, quando os animais são novos, caso contrário, pode ocasionar problemas para aprumar.
 
Da Cabanha Santa Natália, de Novo Itacolomi (PR), Fernando Betke trouxe quatro reprodutores jovens da raça Santa Inês. “Primeiramente, é o manejo sanitário, que precisa estar tudo dentro das normas de sanidade animal para ter acesso ao parque de exposição. “Para o cuidado estético, é preciso ter características raciais conforme a genética de cada raça. Em relação ao manejo, como a raça Santa Inês apresenta pelo curto, então, é desprovida de lã, ou seja, não precisa ser feita a tosquia. Isso torna o manejo mais fácil para o criador ou tratador que basicamente só dá banho com xampu e um penteado de cabelo. Como é um animal rústico, é só tirar o excesso de casco com canivete ou com o acessório correto.” 
 
Fernando explicou que a alimentação consiste na silagem de milho capim capiaçu, conhecido por capim elefante. “A vitamina B12 e a vitamina K sempre estão incluídas nos minerais da ração”, explicou. Sobre a cama, ele reforçou que ela não pode ser muito úmida e nem muito seca, caso contrário, pode prejudicar o animal.

Fotos Roberto Custódio