13/04/2024
Há 50 anos na ExpoLondrina, Dona Leodina é a rainha da batata e da pipoca na feira
Por Daniela Calsavara
O olhar doce da senhorinha prestes a completar 81 anos – ela fez questão de contar que o aniversário é no dia 18 de abril – esconde a força de uma guerreira. Leodina Soares da Silva Lima, ou vó Leodina, como ela mesma diz, comanda sete barracas de batata frita e pipoca, espalhadas pelas ruas da ExpoLondrina. São quinze pessoas trabalhando para ter sempre produto fresquinho e crocante. “É a gordura vegetal na medida certa de caloria para fritar e uma pitadinha de amor, cuidado. A gente faz com muito amor e carinho para servir os fregueses”, garante dona Leodina.
Tudo começou com um carrinho de pipoca. Quando o casal se mudou do sítio para a cidade, o marido, José Pereira Lima, teve dificuldades para arrumar emprego. Ele decidiu, então, seguir o conselho de um conhecido, que sugeriu comprar um carrinho de pipoca e vender na praça da Catedral de Maringá, onde a família mora até hoje. Vendo o sucesso do marido, dona Leodina quis ter o próprio carrinho. Com o tempo, eles incluíram a batata frita no cardápio e passaram a frequentar feiras agropecuárias. Só na ExpoLondrina já são quase 50 anos.
“Eu quase não tenho estudo, fia, fui só até a oitava série, mas com a batata e a pipoca nós criamos e demos estudo para os quatro filhos”. Dona Leodina teve dois meninos e duas meninas, uma delas, infelizmente, já faleceu, assim como o companheiro da vida toda. Antes de morrer, seo José fez um pedido à esposa, que ela nunca deixasse de vender pipoca, mesmo que a batata fizesse mais sucesso. “A pipoca foi onde tudo começou, ele pediu para eu não deixar de vender e eu não vou deixar.”
Com a morte do marido, dona Leodina passou a contar mais ainda com a ajuda dos filhos. Juntos, eles percorrem feiras agropecuárias do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul com as barracas de batata frita e pipoca. Dona Leodina agora só frequenta a Expoingá, que acontece em Maringá no mês de maio, e a Expolondrina. “Ave Maria, eu amo isso aqui. Meus filhos nem querem mais que eu trabalhe, que eu viaje, mas vou te dizer: se eu tiver uma dor e vier para cá, sara na hora! Eu aqui me sinto uma menina de 15 anos”, diz a sorridente vó Leodina.
Ela conta que, antigamente, não tinha ponto fixo de venda, andava com o carrinho pela feira inteirinha. “Tem gente que diz que cansa muito andar aqui. Para mim, é uma benção. Você vê coisas novas, rostos novos, pessoas alegres. Todos que estão aqui estão para se divertir e porque não a gente se divertir junto? Quando eu vejo um rosto alegre, feliz, isso me puxa para cima, é muito bom.”
Essa alegria e a capacidade de se deslumbrar com as coisas mais simples fazem da vó Leodina uma figura encantadora. “Eu gosto de tudo, tudo para mim é novidade. Sabe uma criança quando chega num parque de diversão? Sou eu aqui dentro! É assim que eu me sinto, eu me sinto uma menina, essa ExpoLondrina é a minha vida”, conta, com os olhos marejados.
Como a distância entre Londrina e Maringá, onde ela mora, é de 100 quilômetros, a comerciante poderia vir apenas em alguns dias, mas ela passa o período da feira inteiro por aqui. “Eu fico aqui direto, vou embora nada, fia! O que é que eu vou fazer trancada dentro de um quintal com muro alto? Eu quero é ficar aqui”, conta, com uma boa risada. A “rainha da batata frita” já avisa que, seu Deus quiser, vai marcar presença no Parque de Exposições Ney Braga em 2025. “Eu quero vir até quando eu me sentir bem, enquanto eu posso andar e posso falar, conversar sem pedir ajuda, eu quero vir, sim, eu amo essa Expo!”
Fotografia Henrique Campinha
Fotografia Henrique Campinha