11/04/2024

Seminário sobre leite discute desafios e estratégias do setor na ExpoLondrina

Carol Thomaz de Aquino 
 
O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com 4,3 bilhões de litros produzidos por 60 mil produtores em todas as regiões. Entretanto, o setor enfrenta desafios com a entrada de produtos internacionais no mercado. Para discutir estratégias de fortalecimento da cadeia do leite, a ExpoLondrina sediou, na quinta-feira (11), o 3º Seminário de Produção Sustentável de Leite. 
 
Na abertura do seminário, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, disse que “temos que encontrar uma forma de articular as questões de genética, as questões de manejo, as questões do sistema de alimentação”. Ortigara também reforçou a importância da tributação dos produtos importados. 
 
Por esse motivo, governo, profissionais da área e produtores rurais encabeçaram o movimento “O Paraná Grita pelo Leite”, que briga por uma taxação maior de produtos internacionais, cuja intenção é chegar a 19,5% até 2025. “A taxação é no leite em pó, no queijo mussarela. Por questões constitucionais, de normas tributárias, queremos chegar a 19,5% no início do ano que vem”, explica o presidente da Câmara Setorial da Bovinocultura Leiteira do Ministério da Agricultura, Ronei Volpi. Ele diz que o governo federal tem auxiliado na negociação das dívidas desses produtores. É um movimento de pressão e de reivindicação que vai ser discutido com força em 2024.
 
A coordenadora regional da Área de Produção Animal da Região de Londrina do (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) IDR-Paraná, Roberta Zanin, ressaltou que as discussões referentes às estratégias para melhorar a qualidade do leite são necessárias. “Vamos tratar sobre os impactos do conforto e do bem-estar animal na produção, na reprodução e na sanidade dos bovinos leiteiros”. 
 
Outra ação que visa impulsionar o setor é a entrega dos certificados do SUSAF (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte), aos municípios de Bela Vista do Paraíso, Ibiporã, Jaguapitã e Sertanópolis. “A partir do momento que o município adere ao SUSAF, os pequenos produtores têm possibilidade de comercializar seus produtos através do serviço de inspeção municipal, mas para todo o estado”, diz Zanin. 
A entrega dos certificados foi feita pelo presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), Otamir Martins. “São pequenos municípios que têm agroindústrias que produzem um produto artesanal ou colonial. Agora, eles deixam de vender só no seu município e passam a vender para todo Estado.” 
 
O presidente lembra que a ADAPAR conta com mais de 700 profissionais, entre eles médicos veterinários, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas que estão em 33 postos de fiscalização no estado. “A gente protege o Paraná, porque nós somos a área livre de febre aftosa sem vacinação.”
 
Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Marcelo Janene El-Kadre, a Sociedade Rural do Paraná (SRP) é o grande palco de discussão de todas as atividades que envolvem a pecuária e a agricultura “Aqui, surgem novas ideias, todos discutem alternativas de problemas e buscam soluções às questões da pecuária e agricultura”, ressalta.
 
Desafios
Com a palestra “Caracterização Socioeconômica e Tecnológica da Atividade Leiteira do Estado do Paraná em 2023”, o pesquisador da área de sócio economia do IDR-PR, Tiago Pellini, trouxe os dados atualizados da produtividade leiteira do estado. “Temos crescido em escala de produção, vimos que a expectativa dos agricultores é de permanecer na atividade dos próximos anos, então, os aspectos são bons, embora a gente tenha esses problemas de preço, importações”. 
 
Pellini falou que a idade média dos produtores é de 50 anos, o que chama atenção para as ações de sucessão nessas propriedades. “Tem a questão das novas tecnologias, a questão de escolaridade dos produtores, da capacitação, e nós vamos ajudar a orientar no sentido de apoiar todo esse processo”, destaca. Para continuar na atividade, os produtores de laticínio têm alguns desafios referentes aos custos e sobre as questões que visam a maior sustentabilidade na cadeia. 
 
Natan Hermes é produtor e faz parte da cooperativa Copran (Cooperativa de Comercialização e Reforma Agraria União Camponesa), que tem quase 1,3 mil cooperados. Desses, cerca de 300 são produtores de leite e produzem aproximadamente 25 mil litros de leite por dia. “A gente faz a captação no raio de 150 quilômetros de Arapongas. Hoje, 90% da captação é dentro de assentamentos, mas temos também produtores da cultura familiar que não estão nos assentamentos”, conta. 
 
O produtor diz que cresceu na atividade leiteira e sentiu a necessidade de estudar para auxiliar ainda mais a família e os demais produtores. Além dos cursos técnicos, Hermes é veterinário e diz que participar dos seminários que acontecem todos os anos na ExpoLondrina é essencial para a integração entre os produtores e atualização de conhecimento. 

Fotografia Lunartty Souta