Tecnologia que monitora e rastreia geolocalização diária do rebanho é lançada na ExpoLondrina

 

É um GPS em cada cabeça de gado. O sistema, batizado de Cattlevis, permite não apenas identificar cada animal do rebanho, mas, também, saber sua localização exata em tempo real e até monitorar os sinais vitais. 

 

“Os brincos que se utilizavam até então no mercado são os que a gente chama de passivos. É preciso levar o animal até a mangueira para fazer a leitura, jogar a informação num aplicativo para, aí então, fazer a identificação. Nossa grande diferença é trazer o GPS para um dispositivo que nos dá a geolocalização diária do animal”, explica Guilherme Canavese, CEO da Spacevis, startup que nasceu em Londrina e se transferiu para Atibaia – SP, para facilitar a fabricação do dispositivo.

 

A ideia de equipar os bois com GPS surgiu há quatro anos, durante o AgroBIT, no parque Governador Ney Braga, mesmo local onde agora a tecnologia é lançada comercialmente. Foram quatro anos de pesquisa, desenvolvimento e validação, mais de dez protótipos testados até chegar ao produto lançado em Londrina. O lançamento oficial foi na última terça-feira (9), no recinto Horácio Sabino Coimbra.

 

O grande desafio da rastreabilidade é, justamente, fazer esse monitoramento diário. “Com esse sistema, é possível comprovar, diariamente, que esse animal nunca pisou em área de desmatamento ou em área de reserva legal. É uma tecnologia ativa, independe de uma pessoa, de um leitor, de levar o animal até a mangueira. A gente instala na propriedade uma rede de conectividade cobrindo a área e todos os dispositivos dentro dessa área de cobertura enviam as informações para nosso banco de dados”, garante Canavese.

 

“A gente perguntou muito aos bancos porque não se usava o boi como ativo de garantia e a resposta sempre foi: porque eu não sei se esse boi existe, para mim é um boi que só existe no papel. Nossa tecnologia acaba com toda essa objeção”, pontua o CEO. Além de provar que o animal existe e, de fato, está vivo, o dispositivo prova onde ele está, evitando possíveis fraudes. “O Brasil tem hoje 200 milhões de cabeças a um valor de R$ 4 mil cada uma. Nós temos, hoje, no estoque de rebanho mais de R$ 800 bilhões que agora podem ser usados como garantia de operação de crédito”, afirma Canavese. 

 

Durante essa quarta-feira (10), a tecnologia inovadora é apresentada no recinto Horácio Sabino Coimbra. A tarde, já serão comercializadas as tags. O custo unitário de R$ 249,90, mais a assinatura mensal de R$ 6,90. A instalação da rede de conectividade é feita com antenas e, nesse caso, o custo vai variar de acordo com a área da propriedade.

 

Para o CEO da Spacevis, não existe um público-alvo. Desde pequenos até grandes pecuaristas podem se beneficiar da tecnologia. As vendas se iniciam já no dia seguinte ao lançamento. A meta da empresa é fechar esse ano com 300 mil unidades smart tags instaladas e chegar a um milhão de dispositivos em funcionamento até o fim de 2025. “O Brasil tem um rebanho de 200 milhões de cabeças, a América Latina tem mais 350 milhões de cabeças. E essa previsão ainda é bem moderada”, acredita Canavese. A ideia é que, em breve, a tecnologia Cattlevis seja exportada para o mundo todo.

Fotografia Day Rebecchi