Troncos e balanças garantem maior produtividade aos pecuaristas

Por Vitor Ogawa

Um cenário cada vez mais dinâmico e tecnológico no agronegócio exige do produtor uma constante atualização em relação aos avanços tecnológicos e as mudanças de mercado. Nesse processo, troncos e balanças têm influenciado ainda mais a produtividade do setor. Na ExpoLondrina 2024, diversos estandes de empresas do setor apresentam novidades que variam de R$30 mil a R$ 800 mil, ofertados de acordo com o tamanho do rebanho e do bolso do produtor.

 

Só para se ter uma ideia, dados de instituições de pesquisa e órgãos oficiais apontam que o agronegócio corresponde a 23,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Por outro lado, o rebanho brasileiro equivale a 196,4 milhões de animais, com aproximadamente 10,8 milhões de toneladas de carne produzidas. O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de carne bovina do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Nas exportações da carne, o Brasil responde por 25% do mercado global, seguido pela Índia com 12,4%. O faturamento de toda a cadeia produtiva (nutrição, genética, vendas) é estimado em R$ 913 bilhões. 

 

Para quem pretende investir nos equipamentos, muitos bancos disponibilizam financiamento por linhas de crédito, inclusive com condições especiais durante a ExpoLondrina, via programas como o Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Há também o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que é voltado ao agricultor familiar. O BNDES também oferece o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural). Na ExpoLondrina há descontos para o pagamento à vista e parcelamentos próprios de cada empresa. 

 

A pecuária 4.0, caracterizada pela aplicação de soluções tecnológicas no campo, incorpora tecnologias de ponta para o manejo seguro e eficiente, com transmissão de dados em tempo real para aplicativos no celular e acompanhamento online. Segundo Gabriel Hauly, proprietário das balanças Açores, a ExpoLondrina é um grande orgulho para a região. “É a nossa casa e estamos aqui desde a primeira edição.” Ele observou que o conceito antigo no setor era de que um equipamento deveria durar 40 anos, mas, na visão dele, isso não atende a evolução e a dinâmica do mercado, que pede que os troncos e balanças sejam substituídos a cada 15 anos para incorporar a tecnologia demandada pela necessidade de aumentar a produtividade cada vez mais. 

 

Gabriel diz que o produtor deve ingressar na pecuária 4.0, que é moderna e eficiente e que traz muito mais resultado. “Nós temos equipamentos totalmente automatizados e controlados por joystick. Temos um produto adequado para cada pecuarista. A gente também tem um produto que faz integração ao laboratório de pecuária corporal móvel. O nosso produto mais barato hoje gira em torno de R$ 60 mil, que é o Combat 300, e o mais caro é um curral fixo todo automatizado, na casa de R$ 800 mil reais.” 

 

Entretanto, já estão em desenvolvimento produtos utilizando a inteligência artificial que logo serão comercializados. Gabriel apontou que é primordial mensurar o ganho de peso diário, com previsão de abate para melhorar a gestão animal e, também, acompanhar a reprodução e o controle de monta, verificando se a vaca está prenha ou não. “Nossa empresa possui quase 70 anos de tradição e estamos na terceira geração. Estamos muito bem posicionados em nível nacional e temos vendido muito bem para países como Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Equador, Chile, Colômbia, México e alguns países da África.” 

 

 

 

Outra empresa que está investindo no desenvolvimento de produtos utilizando a inteligência artificial é a Trivelato, há quase 50 anos no mercado. Segundo Alexandre Rangel Bego, supervisor nacional, em breve esses produtos estarão disponíveis. Por enquanto, a Trivelato possui troncos eletro-hidráulicos com apartação inteligente. Alexandre diz que o tronco forte é um lançamento mais econômico com uma característica mais manual. 

 

“O equipamento possui pistão no portão de entrada e saída e a cabine traseira para o veterinário, que é a torre de inseminação, aplicação de medicamentos e castração. O miolo possui parede móvel, que aperta o animal por inteiro com guilhotinas e pisos emborrachados. O equipamento mais econômico custa R$ 45 mil e, com a balança eletrônica, vai a R$ 48 mil, equipada com wi-fi, com possibilidade de inserção do peso total, média de peso e a quantificação de dose do medicamento conforme a bula.”  

 

Nos equipamentos mais caros, há conexão via wi-fi e bluetooth. “A balança está ligada a um aplicativo que consegue fazer todo o cadastro do animal por raça, sexo e lote. Também trabalhamos com o bastão e os brincos eletrônicos para acabar com a comunicação oral em que uma pessoa fala o número do animal e outro funcionário entende outro número.” Alexandre explica que a tecnologia que era usada nos anos 1980 e 1990 ficou defasada porque a mão de obra está escassa. “Hoje, apenas uma pessoa faz todo o trabalho.”

 

Há produtos que revolucionaram o mercado e a Beckhauser aposta na adaptação e modernização dessa linha para atender aos anseios dos bovinicultores. O gerente comercial da Beckhauser, Carlos Augusto Lima, explica que está relançando a linha de 2016 com algumas melhorias e adaptações de acordo com algumas demandas de mercado. “A Total Flex é um produto modular que já foi sucesso e que mudou a forma das empresas produzirem os equipamentos de contenção. Além de ser todo modular, nós aumentamos a largura do produto também porque os animais estão cada vez mais baixos e mais largos com os cruzamentos industriais que deixaram ele mais robusto. Ele explicou que a melhoria contempla algumas configurações diferentes como o uso de polipropileno mais resistente e novos borrachões.”  

 

Segundo ele, é possível montar um equipamento de R$ 30 mil, que seria só um equipamento com o centro da contenção, que começa no protetor de coice e vai até a pescoceira. Também é possível adquirir equipamentos voltados para grandes volumes, como para o produtor que possui 40 mil cabeças. “A gente tem produto que vai de R$ 30 mil a R$200 mil aqui no estande e é possível entregar e montar em toda a América Latina.” Além dos financiamentos bancários, Lima ressalta que a empresa oferece parcelamento em até 12 vezes no boleto ou 18 vezes no cartão de crédito e a taxa de juros acessível. 

 

Douglas Batista Bego, da Amós Troncos e Balanças, afirmou que sua empresa oferece valor e não preço. “Os nossos equipamentos possuem a mesma plataforma de fabricação, tanto o modelo americano quanto o modelo padrão. Nós não temos um tronco mais simples, porque o nosso produto é mais completo”, argumentou. Ele explicou que os equipamentos possuem estrutura toda em aço e o revestimento dos portões tem garantia vitalícia, porque é um material que a empresa tem exclusividade, um material que é ecologicamente correto e reutiliza papel, papelão e plástico. “Esse material tem um valor agregado diferente, então, não dá para comparar um equipamento igual ao nosso com aqueles que ainda trabalham commadeira. Oferecemos garantia vitalícia no sistema de assoalho.” Os equipamentos também são integrados com aplicativos Android e iOS para fazer a gestão do manejo.  

 

 

Muitas vezes, os produtos tradicionais dão conta do trabalho executado para determinadas propriedades. Wilson Manhães é vendedor da Troncos Progresso, empresa localizada em Assis Chateaubriand e que está no mercado há 52 anos. A empresa oferta uma linha para pecuária com conjugados de balanças e troncos, cujo modelo mais barato possui tronco de R$ 35 mil conjugado com a balança eletrônica de R$ 10mil entregues e com todo o equipamento montado na propriedade. “O modelo intermediário está a R$ 55 mil e o modelo mais completo chama-se Tronco Master, que, somado à balança eletrônica, sai por R$ 64 mil com cinco anos de garantia”, destacou Manhães. 

 

Wilson explicou que mesmo o tronco mais barato possui paredes móveis para se adaptar a animais de qualquer tamanho. O tronco intermediário da empresa possui acessórios como o piso e a pescoceira emborrachada e um comando que abre e fecha o portão com um só operador. “O modelo mais completo já vem com piso emborrachado e a largura é maior para trabalhar com touro de até 1000 kg e possibilita trabalhar com búfalos.”

 

Rodrigo Martins também trabalha com produtos mais tradicionais. Ele é da Zebu Troncos e Balanças de Rolândia Paraná e que possui filial no Pará e no Mato Grosso. Temos dois modelos, um é o tronco convencional e o outro é o tronco americano. “Nossos equipamentos hoje são 90% feitos de madeiramento trazido do Pará. O mais em conta hoje seria um convencional para gado de corte e depois temos o tronco americano parede móvel. O convencional custa R$ 45 mil para a ExpoLondrina e o preço normal dele é de R$ 55 mil. O equipamento mais completo está na faixa de R$ 70 mil.”

Fotografia Lunartty Souta